Resumo:

Em muitas situações, a realização de endodontia em dentes monorradiculares é vista como um procedimento simples e rotineiro, visto que, normalmente, esse grupo de dentes apresenta anatomia aparentemente simples e descomplicada. Isto pode levar, em algumas situações, a negligência no manejo destes dentes, induzindo a ocorrência de iatrogenias. Paciente, SKA, 16 anos de idade, sexo masculino, apresentou-se na Clínica de Especialização de Endodontia da Universidade Tuiuti do Paraná para retratamento endodôntico do Incisivo Central Superior Esquerdo que apresentava fístula persistente na mucosa vestibular. Constatou-se, após exame clínico, radiográfico e tomográfico, que o “canal” anteriormente realizado tratava-se de uma obturação do espaço vestibular à raiz, iniciado por uma perfuração no tratamento de origem. Após localização do canal, o que não ocorreu no tratamento anterior, realizou-se o preparo do mesmo pelo sistema Protaper Manual. Após o preparo empregou-se medicação intracanal a base de Hidróxido de Cálcio. Após 28 dias, não foi observada presença de fístula e não houve relato de sintomatologia dolorosa. O canal foi obturado pela técnica da condensação lateral. Após, o paciente foi encaminhado para procedimento cirúrgico com os objetivos de remover a obturação ectópica e de complementar a Endodontia por meio de Cirurgia Apical. A inobservância de fatores anatômicos básicos, como tamanho de coroa dos dentes e sua inclinação nos arcos, dentre outros fatores, pode causar iatrogenias que, quando com possibilidade de correção, exigem intervenções múltiplas e invasivas.