Resumo: Estudos têm sugerido que a percepção dos pais em relação à saúde bucal dos filhos pode influenciar o padrão de uso dos serviços de saúde. Este estudo avaliou a influência de fatores socioeconômicos e psicossociais na procura por serviços odontológicos em pré-escolares. O presente trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UFSM, sob parecer número 0270.0.243.000-09. Um levantamento epidemiológico foi realizado em 478 crianças menores de 5 anos de idade na Campanha Nacional de Multivacinação Infantil em Santa Maria – RS. Dados socioeconômicos, relativos ao uso dos serviços odontológicos e à percepção dos pais em relação à saúde bucal das crianças foram coletados através do ECOHIS e de questionário estruturado. Examinadores calibrados avaliaram a prevalência de cárie dentária (ICDAS). Os dados foram analisados através de modelo de regressão multivariado de Poisson. Houve baixa utilização de serviços odontológicos na amostra (24%). Crianças mais velhas, com mães com maior escolaridade e que realizavam escovação dentária regular possuíam maior probabilidade de já terem ido ao dentista. O motivo da procura por atendimento variou de acordo com status socioeconômico e auto-percepção de saúde bucal. Crianças com cárie dentária, oriundas de família com baixa renda e com pior percepção de saúde bucal relatada pelos pais possuíam maior probabilidade de terem procurado o dentista por motivo de dor ou urgência. Conclui-se que fatores socioeconômicos e psicossociais foram fortemente associados ao padrão de uso dos serviços odontológicos, indicando a necessidade de estratégias de reorientação que facilitem o acesso nesta faixa etária. |