Resumo:

O uso de piercing no corpo é uma prática proveniente dos povos que viviam na antiguidade. Mais tarde, este costume tornou-se mais popular, especialmente entre os adolescentes e jovens, por diferentes razões, como práticas religiosas ou cerimoniais, estética ou moda, personalidade ou mesmo aumento da autoestima. A língua é o local mais prevalente para a instalação de piercing na cavidade bucal, sendo a sua colocação preferencialmente feita na linha mediana da língua, pois veias, artérias e nervos linguais, correm lateralmente a esta linha ou no freio lingual. Geralmente a perfuração é realizada sem anestesia e por pessoas que desconhecem normas de biossegurança. A perfuração na língua pode provocar várias alterações na boca, sendo que as mais prevalentes o hábito de morder fazendo com que haja fratura dentária e hábito de colocar o piercing entre os dentes, levando ao desgaste incisal além de alterações na própria língua. O edema lingual causado nos primeiros dias, o fluxo salivar aumentado, a perda da gustação ou paralisia permanente decorrente da infecção local são ocorrências comuns. Também há o risco de transmissão de doenças como herpes, hepatites, sífilis e AIDS causadas por infecções cruzadas. O cirurgião-dentista deve estar devidamente preparado para prevenir, orientar e eventualmente tratar os seus pacientes, bem como instruí-los sobre as consequências que essa prática pode trazer para a saúde tanto no aspecto local quanto sistêmico.