Resumo:

O traumatismo dentário é muito comum durante a infância, principalmente nos dentes anteriores. Essas lesões podem ser do tipo periodontal ou em tecidos duros. O grau de envolvimento das lesões pode variar de mínimo, desprovidos de sinais e sintomas clínicos importantes, até nível de fraturas, deslocamentos ou mesmo avulsão do elemento. Esta última lesão, de origem periodontal, pode ser definida como deslocamento total do dente para fora do alvéolo. Quando acometem dentes decíduos a conduta torna-se diferente dos permanentes, ou seja, não reimplantação e acompanhamento clínico e radiográfico. Esse trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de uma criança de cinco anos que sofreu dois traumatismos seguidos em incisivos decíduos em curto intervalo de tempo. No primeiro trauma, houve avulsão dos quatro incisivos superiores após queda da própria altura, sendo realizada uma conduta inadequada: reimplante e colocação de barra de Erich, na emergência de um Hospital público. Meses após o primeiro traumatismo, ocorreu um novo com associação de luxação lateral e extrusão nos dentes contidos pela barra, porém a paciente foi atendida na clínica de trauma de uma faculdade de odontologia. A conduta adotada foi a realização de radiografias, exodontia dos elementos traumatizados, sutura, orientações de higiene, prescrição medicamentosa e acompanhamento clínico e radiográfico. Pode-se concluir que apesar da dificuldade em prevenir traumatismos na dentição decídua, é possível evitar danos ou limitá-los no que se refere às consequências aos dentes sucessores quando o profissional conhece os fatores envolvidos com o processo, assim podendo oferecer uma adequada conduta de urgência.