Resumo: O Citomegalovírus (CMV) pertence à família do Herpesviridae, do tipo DNA, que utiliza as células humanas como reservatório. A transmissão ocorre via fluidos corporais, secreções orofaríngeas, saliva, transfusão sanguínea, via sexual e uso de objetos comuns. A infecção primária é geralmente assintomática, subclínica, seguida por período de latência. Os sinais clínicos e sintomas se apresentam geralmente como febre, dor de garganta, hepatomegalia, esplenomegalia. Podem ser encontrados linfócitos atípicos no hemograma. A manifestação bucal do CMV é caracterizada por lesões ulceradas em diferentes regiões, sendo palato e gengiva as mais comuns. Este é o relato do caso da paciente A.J.F, sexo feminino, 37 anos, internada no Hospital Oswaldo Cruz (Curitiba-PR) devido ao quadro de dor torácica e abdominal, tosse e vômito. A paciente não fazia uso da medicação antirretroviral desenvolvendo complicações da imunossupressão pela infecção pelo HIV/AIDS. Durante a anamnese, relatou ser moradora de rua e usuária de crack. O exame intrabucal revelou ulcerações bucais em região de palato, assintomáticas. A confirmação do diagnóstico foi obtida através de PCR (3174 cópias/mL). O tratamento consistiu na introdução da terapia antirretroviral para HIV e ganciclovir endovenoso, antiviral indicado para o CMV. O uso de antirretrovirais é essencial na manutenção da imunocompetência do indivíduo com infecção pelo HIV. O cirurgião-dentista deve estar apto para identificar e fazer o diagnóstico diferencial de outras possíveis etiologias de lesões ulceradas. A sua presença na equipe multiprofissional em ambiente hospitalar contribui sobremaneira na qualidade do atendimento ao paciente internado especialmente quando imunocomprometido. |